segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Como pensa a classe média

Ok, eu sou classe média também e você que me lê (se é que alguém me lê mesmo) também é classe média, afinal de contas temos computador, acesso a internet, teto sobre nossas cabeças, fazemos 3 refeições por dia, etc, etc, etc, só que não posso deixar de dar crédito ao belo texto do Blog do Bruno que mostra bem como a maioria das pessoas ditas de classe média pensam. Talvez eu e você não nos encaixemos no perfil retratado no texto, mas é certo que conhecemos inúmeras pessoas de nosso círculo social e/ou profissional que são a representação do estereótipo, não é verdade?

Leia lá e comente aqui.

2 comentários:

Carino Schlemihl disse...

Talvez se possa resumir assim o texto que você citou:
- Uma parte significativa da classe média, apesar de usar serviços públicos, defende idéias como a do "Estado Mínimo" - o que representaria uma piora ou diminuição desses mesmos serviços. Não apenas esse discurso contraria seus próprios interesses (ainda que se saiba que eles não dependem tanto desses serviços quanto os mais pobres) como também é sustentado apenas pela repetição de clichês e por argumentação falha (como se jã não bastasse a contradição citada, que com humor Bruno resume na expressão "o Estado é chato, feio e com cabeça de melão". Faz sentido a piada, se esse grupo social é mostrado como uma gang de crianças inconsequentes e perversas.

E acredito que ele esteja certo quando mostra que tanta gente macaqueia ideologias que lhe são completamente desinteressantes, apenas para parecer "contemporânea" ou infensa ao "sentimentalismo populista". Mesmo pessoas em condição material ainda pior do que a da professora do exemplo defendem, e às vezes, com mais fúria, a morte do que chamam de "assistencialismo irresponsável e eleitoreiro". E isso porque a relação entre a condição material e a ideologia nunca foi simples. Repetir discursos de Wall Street faz a classe média se sentir mais distante de seu pesadelo de empobrecer - eis uma das razões. Um pouco como usar a bolsa Fendi (é assim que se escreve? que sei eu?) faz a gerente se sentir magicamente próxima da diretora. Pois bem, essas são as misérias dos leitores da malfadada Veja, pra citar exemplo sempre popular.
Mas há outros dois pontos a tomar em conta.
Um deles é que a classe média brasileira é onerada por alíquotas fiscais que lhes tomam tudo quanto conseguem juntar. E é justo que essas pessoas desejassem que o Estado as dispensassem de pagar por segurança particular (deveria bastar a polícia), por sua saúde, por sua educação, por um Judiciário eficaz, e por seu transporte. Que algumas dessas despesas possam ser abatidas nas quantias anuais a pagar, isso não anula a evidência de que se paga muito, em troca de muito pouco. Essa é, acredito também, uma das razões que fazem com que muitos adiram a idéias que, se no Primeiro Mundo são exageradas, aqui chegam a ser extravagantes. Mas pode-se ver certa razão no fundamento dessa revolta, e neste caso não se trata de birra de crianças mimadas.

O outro aspecto é o seguinte, e este vai paralelo ao texto citado, ainda que ele não lhe tenha feito referência: se somos uma sociedade, e se o Mercado definitivamente não mostra vocação alguma que não seja a da acumulação, o Estado é o meio de meter-lhe na coleira as suas babas furibundas a fazer repasto dos pobres. A classe média faz bem em pensar em si, mas deve compreender que ou pensamos em todos, ou não somos sociedade. E nesse caso, pouca importância tem se uso ou não serviços públicos. É preciso aceitar que eles devem existir, ou tudo desmorona (mas é preciso que existam de fato).
E há ainda os que concordam com tudo isso, mas julgam que Bolsa Família auxilia mais a uma força política do que aos trabalhadores, que mereceriam - precisariam - de coisa melhor. Também é um ponto de vista respeitável.

Um texto muito, muito longo, mas desde já o advirto que sou amigo de 50% de seus seguidores:)) Conteste-me com jeito ou carrego meu curral eleitoral embora :))))

Um abraço,

vou me tornar leitor habitual do blog.

Carino Schlemihl disse...

Ave, agora que eu vi como ficou longo mesmo! foi mal, foi mal!!:)