sábado, 11 de abril de 2009

A cirurgia

06 de abril

Por volta das 13:00h um enfermeiro do centro cirúrgico veio me buscar para a cirurgia, me fez trocar de maca e lá fui eu, deitado com visão apenas para o teto do hospital a caminho do centro cirúrgico. Essa visão do teto é bastante incômoda, você não tem a menor idéia do caminho que está percorrendo, são apenas luminárias e forro, luminárias e forro, tudo sempre igual.

Quando cheguei ao centro cirúrgico a sala de cirurgia ainda não estava pronta para me receber, fiquei largado no meio de um corredor a espera da liberação da sala. Não devo ter ficado ali nem 10 minutos, mas pra mim pareceu uma eternidade. Foi então que alguém perguntou "Não tinha um pra essa sala aqui agora? Já foram buscar? Cadê?", e quando me viu soltou, "Ah, deve ser você, né?". Era eu. Ótimo começo.

Fui levado pra sala, e mais uma vez largado lá. Meu nervosismo era tanto que a minha vontade era levantar dali e sair andando de volta pro quarto, trocar de roupa e voltar pra casa. Não sei até agora como que não fiz isso.

Dali a pouco começou a chegar gente na sala de cirurgia e a coisa começou a ficar mais animada.

Pulei da maca para a mesa de cirurgia, uma mesa tão pequena que precisei me equilibrar nela. Depois, me amarraram na mesa e o anestesista começou a trabalhar, quando percebi já tinha uma equipe inteira, umas oito pessoas em volta de mim. Aqui e ali, ouvia as pessoas perguntando: "O Dr. Marcelo já chegou?", "Posso ir me escovar?", "Alguém sabe do cirurgião?". Ao mesmo tempo, um alarme disparava na sala toda vez que um aparelho media minha pressão, meu nervosismo era tamanho que minha pressão disparou, e como o cirurgião não chegava eu acabei perguntando em voz alta: "Esse filho da puta do Marcelo desistiu da cirurgia é?" e foi bem na hora em que ele entrou na sala. Puta vexame.

Com a equipe toda em volta de mim, a anestesia correndo solta eu fui apagando, apagando, e só me lembro de perguntar quantos corinthianos haviam na sala. Não tinha nenhum. Soltei mais um puta que o pariu e apaguei. Na sequência fui acordado e me pediram pra voltar para a maca. A sensação era de que nada havia acontecido, mas na hora de ir pra maca, senti dor então vi que havia sido operado mesmo.

Fui para  a recuperação e não sei ao certo quanto tempo fiquei ali. Lembro de cochilar e acordar várias vezes. E em uma das vezes que eu acordei alguém disse que eu estava bem de mais e que já podia ir para o quarto.

Perguntei as horas: "18:30h" responderam. Impressionante, roubaram minha tarde inteira! Mas pelo menos a cirurgia tinha passado.

Na volta pro quarto mais passeio com vista para o teto, mas agora não me incomodava mais. 

Cheguei no quarto e não tinha ninguém. Esperava que a Débora e meu pai estivessem por lá, mas estava tudo apagado, quieto, em silêncio. Na hora pensei: Alguém passou mal durante a minha cirurgia e foi parar no pronto socorro. Daqui a pouco sou eu quem vai ter que visitar doente, mas nada disso, logo os dois chegaram ao quarto. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Gabriel, Eu sou o "amigo do amigo", o Hélio. Estou muito contente em saber que vc passou pela famigerada faca. Até que em fim... Saiba que se puder ajudar em algo estarei a disposição (o Sidnei tem meu telefone). Lembre-se: a cirurgia tem momentos difíceis, porém a recompensa é muito grande. Já perdi 56 kg em apenas 5 meses. Estou ótimo, sinto-me super bem. Estou torcendo por vc. Bye

David Corredato disse...

Pois é cara, eu nunca fui submetido a uma cirurgia mas todos que eu ouvi tem uma percepção muito parecida com a sua. Os caras esquecem que você ainda está consciente e tratam como se só tivesse o corpo ali. Ossos do ofício, os caras tornam-se completamente insensíveis.