segunda-feira, 26 de outubro de 2009

VAMOS FAZER UM POUCO DE BARULHO?

FECHEM AS PORTAS DA PRAÇA ROOSEVELT
(e apaguem a luz)

Todo mundo sabe que na Praça Roosevelt encontram-se alguns dos pontos de cultura mais interessantes e importantes da cidade de São Paulo. Ali vemos um pouco do que há de melhor no chamado “teatro alternativo” (ainda bem que existem eles como alternativa de alguma coisa). Ali se tornou um local para encontrarmos a boa arte da cidade.

Tudo seria perfeito, ou quase...

Primeiro fizeram os fumantes saírem dos estabelecimentos para fumarem na rua... Depois queriam silêncio nas calçadas... Por fim pediram para os bares e teatros fecharem suas portas a meia noite... Em noites quentes, com portas fechadas, muitos preferiram voltar para as calçadas. Na calçada as conversas incomodam os que acima dos bares (nos apartamentos da Roosevelt) querem dormir... Chamam a polícia... Jogam água... Vem o “psiu”... Aí não querem mais as pessoas na rua... O bar não pode ficar com porta aberta, as pessoas não podem ficar na rua, a Eletropaulo faz obra e destrói a calçada...

Parece que os moradores destes apartamentos não pensam que a Roosevelt, antes destes espaços culturais, era um lugar de “ninguém”, perigoso, onde a bandidagem corria solta. Reclamam destes espaços, porém não param para pensar que é graças a eles que se pode circular a pé a noite pela redondeza... Que não têm consciência cultural é fácil de perceber porque afinal tem tanta coisa ruim contra as quais deveríamos brigar e tem gente que quer brigar com quem justamente faz alguma coisa boa pela cidade, pelas pessoas, pela cultura.

Não entendo... Será que eles realmente preferem os pontos de droga aos pontos de cultura? Esse é o nível de consciência das pessoas, do governo e das autoridades... Uma pena! Nessa madrugada, com a Roosevelt já quase deserta, um homem nos ofereceu abertamente para comprarmos um pouco de maconha. Nada contra, mas prefiro gastar meu dinheiro com um ingresso de teatro... Só que o teatro está “escondido” atrás das portas que são fechadas a meia noite. E o vendedor de droga, ele sim, pode circular livremente.

Tem gente querendo fechar as portas da Roosevelt e apagar a luz. No breu da noite, talvez o barato das drogas seja menos perigoso do que a consciência da cultura. A cultura nos faz pensar...

Mas eu não vou trocar a Roosevelt pelas novelas da Globo. A arte sempre resiste... Aliás acho que essa é a sina da arte brasileira: resistir contra tudo e todos. É o que resta!

Por favor, não deixem que apaguem a luz da Praça Roosevelt.

(Bia Ramsthaler - biaramsthaler@uol.com.br - out/2009)

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