sábado, 28 de março de 2009

Será que vou ficar gostosa?

Pois é, eu e as mulheres que fazem plástica para levantar a moral e outras partes também teremos algo em comum. Uma prótese de silicone. A delas, bem mais visível, perceptível e agradável aos olhos que a minha. Mesmo assim não deixa de haver uma certa relação entre as duas situações.

Em ambos os casos trata-se de um corpo estranho, de material sintético implantado dentro do corpo humano, mas acabam ai as semelhanças. No meu caso trata-se do anel que envolverá 0 novo estômago que será construído na união do esôfago e do duodeno para evitar que, ele volte a dilatar e tornar-se um saco sem fundo como é o estômago atual.

A idéia por trás da cirurgia bariátrica pelo método de bypass, que é a opção que eu fiz, é desviar o fluxo do alimento do estômago original para direto para o intestino, com uma pequena parada nesse micro estômago criado entre a válvula do esôfago e a válvula do duodeno. A idéia é que ele fique com 20ml de capacidade e com o anel de silicone este anel não deixa o estômago dilatar com o tempo.

A principal vantagem dessa abordagem é que eu vou emagrecer mais, e se eu mantiver as recomendações da nutricionista, da psicóloga e do espelho, eu não volto a engordar mais. A principal desvantagem é que eu posso entalar se não mastigar os alimentos corretamente ou então posso ter refluxo se comer além do limite.

terça-feira, 24 de março de 2009

O gorduroso e o abominável parmegiana gigante

Simone, eu sei que a gente ia elaborar melhor essa despedida na próxima seção, mas o pessoal do escritório me chamou para ir ao gorduroso hoje e não tive como resistir. Depois da cirurgia será impossível e este pecado há de ser perdoado...

O gorduroso é, na verdade, o restaurante do seu Augusto, um dos poucos lugares do mundo onde o ar tem colesterol e respirar engorda. O maior atrativo do local é o preço justo e a quantidade absurda de comida servida no prato. A comida é gostosa também, mas isso não importa, o importante é o tamanho do prato.

Saímos do escritório sete bravos e corajosos glutões determinados a encarar o abominável parmegiana gigante. Pedimos duas porções que foram atacadas sem dó nem piedade por todos e infelizmente não sobrou nada pro lanchinho da tarde. Tudo bem, voltamos a barrinha de cereal saudável. Não tem problema.



O bar e restaurante do seu Augusto fica na Rua Américo Brasiliense 2180 e eu não ganho nada pra fazer propaganda.

domingo, 22 de março de 2009

Ainda os remédios

Nos últimos dias os remédios me deixaram muito sonolento, o final de semana veio muito bem a calhar. Sem a obrigação de sair da cama, pude dormir tudo que aguentei. No sábado, saí da cama esperto e fazia quase uma semana que isso não acontecia.

Hoje levantei da cama com o corpo dolorido, queria continuar dormindo mas o corpo não aguentava mais ficar deitado. É hora de virar o colchão.

Saí da cama por volta das 09:00h e como a Débora ainda estava dormindo resolvi assistir TV baixinho pra não incomodar. Tirando as tradicionais ofertas incríveis dos programas de televendas, os programas religiosos e os torneios de verão que a Globo inventa não sobra nada pra ver na TV nos domingos pela manhã. Mas como sou um sujeito insistente continuei zapeando até encontrar um documentário interessantíssimo sobre um crânio de cristal que, supostamente possui poderes milagrosos. Se não me engano outros 12 crânios foram construídos e escondidos em locais separados do globo. Em um dia, quando o mundo estiver prestes a acabar, esses crânios serão reencontrados e colocados em uma formação especial, que ninguém sabe qual é, e todos os nossos problemas estarão resolvidos. O documentário era tão interessante que dormi no sofá até as 11:00h. Não sei se foi o documentário ou se já era sonho, mas acho que o Indiana Jones tinha alguma coisa a ver com essa história... enfim, podem ser os remédios também.

O resto do domingão passou em ritmo de... domingo. Fiquei mole e largado no sofá o dia todo. Nem a vitória do Timão em cima do Santos serviu pra espantar a letargia e o pior de tudo. Amanhã é segunda-feira. Odeio segundas-feiras.


sábado, 21 de março de 2009

Confortably numb

Hora de tomar meus remédios e ficar confortably numb. Boa noite.


Os remédios

Sai da consulta do dr. Paulo com a receita para os remédios que supostamente controlariam minha ansiedade até a cirurgia. Fomos a farmácia, eu e a Débora e compramos os remédios. A prescrição é para tomar a noite, tomo um comprimido as 20:00 e outro as 22:00. Como saí da consulta tarde optei por iniciar o tratamento apenas no dia seguinte.

Nos três primeiros dias do remédio eu fiquei lento, muito sonolento mas com os pensamentos incrivelmente ordenados e claros. Impressionante. O remédio tem ação imediata.

Sair da cama pela manhã é um tormento. O despertador toca mas eu não acordo. É quase como se ele não estivesse tocando. Levo uma hora, as vezes mais para perceber que é hora de acordar. Saio da cama mas não estou acordado, é uma sensação de embriaguez. Saio desse estado aos poucos, acho que o café e o banho ajudam um pouco. Não me sinto em condições de dirigir e a Débora tem atuado de motorista também.

Em compensação o sono é maravilhoso. Durmo como não dormia há muito tempo.

TDHA

Cheguei no consultório do dr. Paulo Zampieri certo que o meu problema era ansiedade e que eu era gordo por que eu comia a minha ansiedade e que uma vez isso diagnosticado e comprovado era questão de achar o remédio certo e minha vida ia mudar. A gente se ilude tão fácil....

No começo da nossa conversa contei ao dr. Paulo sobre tudo que tinha acontecido até aquele momento com os preparativos para a cirurgia, contei da minha ansiedade, da recomendação da dra. Simone de que eu tomasse um ansiolitico e do pedido do dr. Marcelo para que ele me avaliasse para a cirurgia.

A consulta foi longa, começamos nosso papo por volta das 20:00 e terminamos quase 22:00. Falamos de quase tudo e no meio da conversa apareceu a suspeita. O dr. Paulo entendeu que a minha ansiedade era na verdade sintoma de outra coisa e não o problema principal. Foi ai que ele resolveu aplicar um teste pra identificar se sou ou não portador de TDAH e apareceu um indício forte. De qualquer forma o dr. Paulo optou por me receitar apenas um ansiolítico e me liberou pra fazer a cirurgia e resolveu deixar para tratar a TDAH depois do procedimento.

Então é isso. Agora é garantido, vou pra faca no dia 06/04. Mas é melhor não cantar vitória ainda, da última vez o balde de água fria veio poucos dias depois...

Pra entender um pouco a TDAH seguem duas entrevistas que achei super legais. Quem achou os vídeos foi a sempre presente Débora.





Para os amigos que se identificarem com os sintomas, podem ficar tranquilos, não é nenhum fim de mundo, é só deixar um comentário que eu passo os dados de contato do dr. Paulo e da dra. Simone. TDAH tem tratamento sim.

Vá ao psiquiatra

Na primeira seção que tive com a Simone após o banho de água fria que foi a história do laudo ficou claro pra mim que psicólogo nenhum poderia dar um laudo baseado em poucas consultas. Não por má vontade, mas o convênio exige uma documentação enorme deles com informações que os psicólogos não conseguem extrair dos pacientes em pouco tempo. O trabalho do psicólogo é baseado em observação e a depender de diversos fatores o paciente pode fornecer sinais errados. Então é necessário que o psicólogo possa checar e rechecar cada informação antes de poder fornecer o laudo.

Já o psiquiatra tem uma abordagem diferente, o tratamento também depende muito da comunicação, sem dúvida, mas tem o apoio de drogas e com as drogas o resultado chega. É só a questão de achar a droga correta.

Partindo dessa premissa e por conta da minha frustração e da ansiedade a Simone achou por bem que eu fizesse uma visita ao dr. Paulo Zampieri que é psiquiatra e que já havia feito alguns trabalhos com ela com bons resultados.

Teoricamente o dr. Paulo poderia me receitar um ansiolítico para fazer com que eu abaixasse a bola e também de um ponto de vista médico, poderia me liberar ou não para a cirurgia. Era aminha última chance.

O cravo brigou com a rosa

A falta do laudo da psicóloga era um problema, afinal de contas sem ele o convênio não autorizaria a cirurgia. E mesmo depois da consulta para a segunda opinião o laudo ainda não havia aparecido. Como eu estava muito enrolado no trabalho, a Débora deu uma super força nesse assunto. Ela ficou no pé do pessoal do consultório até que veio a resposta da dra. Rosa.

Descobrimos então que a dra. Rosa não havia fornecido o laudo psicológico pois ela havia indicado que eu fosse a um psiquiatra. Indicação essa que nunca ocorreu.

A Débora contestou a informação, após confirmar comigo que a mesma era falsa e então foi solicitado o telefone a psicóloga que estava me atendendo para que o pessoal do consultório entrasse em contato com ela para se certificar que eu realmente tinha acompanhamento psicológico. Ok, passamos o telefone da Simone Romanato a minha psicóloga e a conversa que ela teve com a psicóloga da equipe do Dr. Marcelo foi próximo do surreal.

No final das contas não haveria laudo psicológico nenhum. Nem da Simone Romanato, nem da Rosa, nem de ninguém. E sem laudo não haveria cirurgia. E eu fiquei muito deprê.

Não fiquei deprê por falta do laudo, fiquei deprê de verdade por que ao término da consulta com a Rosa estava tudo certo, tudo encaminhado. Nenhum problema fora detectado e nada havia que me impedisse de fazer a cirurgia. E depois havia um problema sim, ninguém queria fazer o laudo.

Então a situação era essa. Nada de cirurgia. Tudo acabado...

A segunda opinião

O convênio médico pediu uma segunda opinião antes de liberar o procedimento cirurgico e indicou uma profissional com a qual eu deveria me consultar. Ao marcar a consulta foi solicitado que levássemos todos os exames, as cartas de recomendação e o laudo psicológico para que a médica indicada pelo convênio analisasse todos os documentos além de fazer uma série de exames em mim e me liberasse para o procedimento ou não.

Os exames estavam todos com o dr. Marcelo, então liguei no consultório e pedi que deixassem separados os documentos para que eu ou a minha esposa passássemos por lá para retira-los e levar a nova consulta médica.

Quando a Débora retirou os exames, ela percebeu que não havia ali o laudo da psicóloga. Na hora ela perguntou o que havia acontecido e como ninguém sabia recomendaram que eu fosse a consulta com a especialista designada pelo convênio e "esquecece" o laudo caso fosse cobrado. Me prontificando a enviá-lo por fax na sequência.

Fui então a consulta pronto para relatar uma amnésia laudal durante a consulta, mas a dra. nem se lembrou de perguntar a respeito do laudo psicológico. Apenas olhou para mim, revisou os exames e perguntou se eu tinha alguma dúvida sobre o procedimento e me liberou.

Perfeito, mais uma etapa cumprida e tudo certo para a cirurgia.

A primeira psicóloga

27 de fevereiro

Cheguei com meia hora de antecedência ao consultório da dra. Rosa, a psicóloga indicada pelo dr. Marcelo. Na verdade, a dra. Rosa é a psicóloga substituta, uma vez que a titular do cargo estava de licença.

Como não havia outro paciente fui atendido antes da hora, um milagre em se tratando de consultórios médicos. Tivemos um papo agradável, falamos de tudo, fiz vários testes para medir minha compulsividade com a comida, meu nível de depressão, minha ansiedade e mais um monte de outras coisas. A seção foi tão agradável que nos extendemos por além do previsto e ficamos quase 2 horas na sala.

Durante o papo a dra. Rosa falou da importância no acompanhamento psicológico durante todo o processo preparatório para a cirurgia e no pós cirurgico também. Ela se colocou a disposição para fazer este acompanhamento, mas eu disse a ela que já tinha uma indicação de outro profissional e preferia fazer o acompanhamento com a indicação.

Ao término da seção veio a confirmação de que não havia nada de impedisse a cirurgia e que ela recomendaria ao dr. Marcelo o procedimento. Para que eu não me preocupasse com mais nada e foi o que fiz.

Saí de lá radiante, o último profissional que poderia se opor ao procedimento e impedi-lo ou retarda-lo era o psicólogo e com essa consulta tudo estava resolvido.

"Te opero agora em março"

Na saída da consulta com a Dra. Kelma aproveitamos e demos uma esticadinha até o consultório do dr. Marcelo que fica na mesma quadra. Após ler a carta da dra. Kelma e de analisar o resultado dos exames ficou claro que clinicamente eu estava pronto para o procedimento e ai veio a frase do título deste post.

A possibilidade da operação assim tão próxima me assustou. Na minha cabeça o processo ainda se arrastaria por mêses, eu seria obrigado a fazer inúmeras seções de terapia em grupo, passar por seções e mais seções com psicólogos teria de encarar outros especialistas, enfim, pra mim ainda faltava um longo caminho. Mas já estava tudo pronto. Já não havia mais nada do ponto de vista clínico a se fazer a não ser a cirurgia.

Enquanto a parte clínica estava toda resolvida a vida profissional estava em outro rítmo. O projeto em que eu estou envolvido andava a passo lento e o volume de trabalho se acumulava. A possibilidade de ficar afastado muito tempo do trabalho e deixar as pendências se acumulando ainda mais era um cenário de filme de horror que eu não podia deixar acontecer. Começou então a negociação com o dr. Marcelo a respeito de uma data. O procedimento não poderia esperar muito tempo, senão os exames perderiam a validade e eu teria de fazer tudo de novo, ao mesmo tempo o meu projeto não podia ficar muito tempo parado.

Depois de muito negociar chegamos a data da cirurgia, 6 de abril. Com a cirurgia marcada, eu agora precisava da havaliação psicológica, e acertar o período de férias no trabalho além de finalizar uma série de atividades inacabadas no projeto para conseguir parar os 15 dias que vou precisar para recuperação causando o menor impacto possível.

Marquei a consulta com a psicóloga indicada pelo dr. Marcelo, negociei as férias e pedi socorro pra todo mundo no escritório pra fazer as coisas no projeto andarem.

Kelma eu não sou gay

19 de fevereiro de 2009

Nesse dia eu tinha consulta com a Clínica Geral, Dra. Kelma, impossível não fazer o trocadilho com a música Calúnias, interpretada por Ney Matogrosso...

A Débora passou no laboratório e pegou o resultado dos exames e depois foi até o escritório, me pegou e fomos juntos ao consultório da Dra. Kelma, a Clínica Geral indicada pelo Dr. Marcelo Salem. Ela deveria me avaliar clinicamente se não havia impedimentos a cirurgia.

A Dra. analisou o resultado de todos os exames e não encontrou nenhum problema ali. Veio então o exame físico. E no dia da consulta minha pressão arterial estava um pouco alta e a Dra. Kelma ficou preocupada com isso, pois pressão elevada durante a cirurgia poderia causar perda de sangue e isso ninguém iria querer. Combinamos então que eu mediria a pressão todos os dias e que passaria os resultados a ela. Se a pressão se mantivesse elevada seria preciso rever a dose diária dos meus controladores de pressão.

Além disso, como tive bronquite na infância fiz um exame de capacidade pulmonar. Tudo ok também neste exame.

Eu estava clinicamente liberado para a cirurgia.

Comprei um medidor de pressão e medi a pressão por uma semana conforme o combinado mas não passei os resultados. Mea culpa Dra. Mea culpa.

Pra minimizar os estragos, publico no blog os registros da medição.

DataHoraPressãoBatimentos Cardíacos
27/02/200906:55:0011 x 0782
28/02/200911:24:0012 x 0782
01/03/200908:53:0012 x 0785
02/03/200907:15:0012 x 0778
03/03/200907:20:0012 x 0784
04/03/200907:50:0011 x 0789
05/03/200907:20:0011 x 0785
06/03/200907:22:0011 x 0785

Os exames

Da série de exames o que mais incomodou foi a ultrassom de abdome, pois com tanta gordura acumulada na região o médico precisou fazer muita pressão e em alguns momentos a dor foi um grande incômodo. O segundo pior exame foi o ecocardiograma com dopler, que é um ultrasson do coração e adivinha só: também foi difícil para o aparelho ver o coração e por isso o médico também apertou bastante e doeu pacas. Mas felizmente este coração corinthiano esta muito bem mesmo com toda a gordura acumulada em volta e liberado para a cirurgia.

Teve também a endoscopia. Todo mundo fala muito mal desse exame, e eu estava bastante preocupado com ele. Quando me chamaram para a sala de exames eu estava bastante tenso e nervoso, me deram um copo com luftal diluído e na sequência me jogaram um spay anestésico na garganta. Me pediram para deitar na mesa de exames e fui informado que sentiria uma picadinha no braço para a aplicação de um leve anestésico e logo na sequência me levaram para uma poltrona para que eu descansasse. Descançar do que? Não lembro de ter feito o exame... não vi nada. Não faço a menor idéia do que aconteceu depois da "leve picadinha".

Os outros exames foram um raio x de torax e muitos exames de sangue. Tudo certinho também.

Era só esperar o resultados dos exames ficar pronto pra ir a Clínica Geral.

A primeira consulta com o cirurgião

22 de janeiro de 2009 a primeira consulta.

Entramos (eu e a Débora) no consultório do Dr. Marcelo Salem, e após as apresentações ele me perguntou o que eu fui fazer lá. Disse que precisava emagrecer e ele disse que só sabia resolver isso operando. Achei ótimo, afinal de contas tratava-se de um cirurgião.

O papo com o Dr. Marcelo foi muito tranquilo, leve e até divertido. Mesmo sendo uma consulta paga pelo convênio, o Dr. Marcelo não demonstrou aquela pressa tradicional que todo médico que atende pelo convênio demonstra ao atender o paciênciente no consultório. Ele nos mostrou os três principais procedimentos cirúrgicos para o meu caso, deu todos os detalhes possíveis sobre os três, não escondeu nenhum detalhe. Explicou os riscos de cada um e foi extremamente atencioso e paciente com nossas dúvidas e preocupações.

Saímos da consulta com uma lista de mais de 20 exames para fazer e a indicação de visitar um clínico geral, um psicólogo e um nutricionista e também com um DVD explicativo que  traria mais informações sobre o procedimento pra gente.

Infelizmente o vídeo era uma matéria do programa da Ana Maria Braga e fomos obrigados a nos submeter a ele, mas tudo bem. Eu sabia desde o princípio que eu teria que fazer sacrifícios...

O vídeo ao que tivemos de nos submeter é esse que segue em três partes logo abaixo...

Parte 1


Parte 2


Parte 3


O amigo do amigo

O Sidnei é um amigo que eu descobri quando comecei a trabalhar na Essence em abril de 2006. Já havíamos trabalhado juntos na MCN em 2003 mas foi só por duas semanas e não tivemos quase que nenhum contato durante esse período.

No final de 2008 o Hélio que é o amigo do Sidnei passou pela cirurgia bariátrica e o Sidnei fez questão de passar relatos diários tanto da fase de preparação da cirurgia quanto do período após. Recebi informações tão detalhadas, tão claras e objetivas, e de forma tão aberta e imparcial que o procedimento foi desmitificado. 

Essas informações foram tão importantes que na hora de conversar com o médico minhas dúvidas eram poucas. 

Hoje tem mais ou menos 5 mêses da cirurgia do Hélio e ele já perdeu pouco mais de 5okg. E posso dizer que acompanhei a perda de quase todos eles como se estivesse ao seu lado, tamanho os detalhes fornecidos pelo Sinei. 

A decisão pela cirurgia

(155kg) Desde muito pequeno faço regimes. No meu livro de bebê há uma anotação de que aos 8 mêses minha mãe já precisava tomar cuidado com minha alimentação pois eu já tinha meus pneuzinhos, como o Bibendum ai ao lado. Depois disso a quantidade de médicos visitados e tipos de dietas diferentes que encarei são inúmeras. Nunca fui magro.

É claro que consegui emagrecer nas várias dietas que fiz mas o peso que eu perdia eu acabava sempre por reencontra-los com reforços pouco tempo depois da dieta. Também tentei praticar esportes, fiz natação, judô, lembro de ter ido a uma aula de futebol... mais tarde um pouco fiz musculação e caminhadas, atualmente não faço nada pois o peso é tanto que os joelhos reclamam apenas por existirem. Mas nada adiantava. O exercício aumentava a fome e qualquer perda de peso que eu tinha era rapidamente compensada com aumento de peso quando eu desistia dos exercícios.

Ainda adolescente fiz uma dieta que teve resultados incríveis, o médico que acompanhou o tratamento chamava de dieta do Coelho e do Leão (e embora a idéia de comer um leão e um coelhor por dia me paressece interessante a dieta não se tratava disso), basicamente a idéia era comer apenas carne e legumes, ou seja, o que comem leões e coelhos, porém em quantidades reduzidas e preparadas completamente sem óleo e com pouco sal também. Desnecessário dizer que a dieta foi um sucesso, cheguei a perder 4kg por semana no início. Acontece que assim que tive alta, não levou nem um mês para que eu recuperasse o peso perdido.

Depois fiz um sem número de dietas com médicos diferentes, todas muito parecidas. Cheguei a decorar o cardápio pois era sempre o mesmo: Duas torradas no café da manhã, meia fruta no lanche, duas colheres de arroz e uma de feijão, um bife médio e salada a vontade no almoço, meia fruta no lanche da tarde, o jantar podia ser o repeteco do almoço e a ceia, ah a ceia era o melhor: uma bolacha água e sal e uma xícara de chá! Com muita dificuldade minha mãe conseguiu fazer com que eu iniciasse e seguisse essa dieta com suas minúsculas variações ao longo de 10 anos. Sempre com os mesmos resultados. No começo eu emagrecia um pouco e depois eu engordava mais.

Então vieram os remédios (o cardápio das dietas continuava o mesmo) que me ajudariam a emagrecer. De imediato notou-se uma mudança no meu humor. Eu ficava extremamente mau humorado, irritado, agressivo, estúpido. Falava o que não devia, magoava as pessoas e com isso sentia-me inseguro. Então eu precisava compensar isso de alguma forma e ai procurava na comida um consolo pras minhas burradas. Quando o médico percebeu isso passou a alterar a fórmula da medicação. Tentamos por mais de um ano, mas eu acabava ficando sempre muito irritado ou muito chapado ou muito qualquer outra coisa e o resultado final era sempre o mesmo: mais comida pra consolar minhas frustrações. O regime com drogas pra mim foi uma droga.

Mesmo assim, ainda teve mais uma droga que eu resolvi experimentar... O Xenical é um remédio que elimina 40% da gordura ingerida pelo paciente. Na hora achei que era a solução para os meus problemas. A idéia era promissora e eu fiquei ansioso pelos resultados. Tão ansioso que acabei usando o Xenical como muleta e não levei o regime muito a sério. Afinal de contas o remédio faria o trabalho sujo por mim. E fez mesmo... desisti dele quando descobri que se continuasse naquele ritmo precisaria de fraldas.

Então veio a descoberta da Revolucionária Dieta do Dr. Atikins, uma coisa fantástica. A gente se entope de comida, mas se entope mesmo e ainda assim emagrece. E olha, funciona mesmo. É claro que como em qualquer dieta existem alguns sacrifícios que a gente tem que fazer... no meu caso eu sacrifiquei o prazer de comer carboidratos. Pois é... foi tchau, tchau para pães, massas, bolos, doces, arroz, feijão, batata... no final das contas sobrou praticamente ovo, carne e alface e comendo ovo, carne e alface até me entupir eu realmente emagreci e emagreci bastante. Cheguei a perder uns 35kg. Mas depois de um tempo o peso parou de baixar e eu percebi que teria que reduzir a quantidade de comida e ai pensei comigo: "Bom, se vou ter que reduzir a quantidade, talvez se eu reintroduzir os outros alimentos na dieta e continuar comendo moderadamente..." e logo eu estava com 150kg novamente.

Na época que comecei a dieta Atkins algumas pessoas já me sugeriam a cirurgia. Dentre as mais insistentes minha esposa, a psicóloga da minha esposa, um amigo de muitos anos, o montanha, que fizera a cirurgia pouco antes e estava feliz da vida. Ao mesmo tempo outras pessoas eram contra e me diziam que a cirurgia era uma opção para os fracos, os sem força de vontade. Que era um atalho, o caminho mais fácil... E eu no meio da história sem saber o que fazer da minha vida.

Foi quando, no início de 2008, eu cheguei a conclusão que sozinho e com dieta eu não ia emagrecer mesmo. Precisava de ajuda e a ajuda tinha que ser cirúrgica. Voltei ao consultório da Dra. Lídia, aquela que havia receitado o Xenical, e anunciei: Quero operar! A dra. muito atenciosa me deu um panorama sobre os procedimentos, os riscos envolvidos, explicou os sacrifícios pelos quais eu teria de passar e me passou um sem número de exames para fazer. Saí do consultório com toda aquela informação girando na cabeça mas ainda decidido a encarar o procedimento. Com a ajuda da minha esposa marcamos os exames, fiz alguns e desisti do processo e não toquei mais no assunto até que no segundo semestre um amigo de um amigo passou pelo procedimento e eu passei a receber relatos quase que diários de sua recuperação. Foi nessa hora que o medo foi diminuindo e voltei a considerar a possibilidade.